Em 2025, uma nova edição da TIC Domicílios — coordenada pelo Cetic.br — trouxe um dado histórico para o mercado de apostas no Brasil: entre os cerca de 157 milhões de brasileiros com acesso à internet, aproximadamente 19% declararam ter feito apostas online nos últimos três meses. Isso representa algo próximo de 30 milhões de apostadores ativos, o que marca um salto além dos números das pesquisas anteriores.
Esse novo patamar de participação reforça o quão incorporado o hábito de apostar se tornou na vida digital dos brasileiros — e dá peso a fenômenos como games que viralizam, como um jogo de 1 centavo, um tipo de aposta de baixo custo que, apesar do valor simbólico, ganha força pela facilidade de acesso e pelo volume de usuários. Com isso, surge a pergunta: estaríamos nos tornando o “país das apostas”?
Os dados da pesquisa — quem são os apostadores em 2025
Segundo o levantamento em questão, cerca de 19% dos usuários de internet no Brasil declararam ter feito ao menos uma aposta online nos últimos três meses. Entre os que apostaram, há diferenças expressivas por gênero: 25% dos homens relataram ter apostado recentemente, contra 14% das mulheres.
A pesquisa também detalha os tipos de apostas mais comuns: 8% dos usuários afirmaram ter apostado em cassino online, 7% participaram de rifas digitais ou sorteios, outros 7% fizeram apostas esportivas via sites ou apps, e 7% compraram bilhetes de loteria federal.
Esses dados confirmam que as apostas online deixaram de ser uma prática marginal ou restrita a nichos: agora têm escala nacional, com grande penetração social, diversa em tipo de aposta e distribuída de forma ampla entre os usuários da internet
Comparando com outros países: já somos o país das apostas?
Para entender se o Brasil já pode ser considerado o “país das apostas”, é importante comparar nossos números com mercados onde o hábito de apostar faz parte da cultura há décadas. Austrália, Reino Unido e Estados Unidos são três exemplos emblemáticos: todos têm grande participação de adultos em algum tipo de jogo, históricos regulatórios mais antigos e comportamentos de risco já bem documentados.
Austrália
A Austrália é um dos países com maior participação em jogos no mundo: cerca de 72% dos adultos apostaram no período de 1 ano. Em números, isso se traduziria em 20 milhões de pessoas. Isso é abaixo do Brasil, mas percentualmente, fica muito à frente dos 19% brasileiros.
Estados Unidos
Pesquisas apontam que cerca de 57% dos adultos nos EUA participaram de algum tipo de jogo num período de 1 ano. Considerando uma população adulta maior que 330 milhões, isso representa algo mais alto que 150 milhões de pessoas envolvidas em apostas em geral.
Quando o foco é apenas aposta esportiva, estimativas indicam cerca de 22% dos adultos, o que equivaleria a aproximadamente 52 milhões de pessoas apostando especificamente em esportes nos últimos 12 meses.
Reino Unido
No Reino Unido, pesquisas recentes indicam que cerca de 48% da população apostou nas últimas semanas, o que significaria algo em torno de 33 milhões de pessoas considerando uma população aproximada de 69,5 milhões em 2025.
Mesmo excluindo quem só participa de loterias, o índice ainda permanece elevado, mostrando que apostas fazem parte da cultura local há muitos anos e com modalidades bem consolidadas.
E o Brasil nesse cenário?
Com cerca de 30 milhões de apostadores, o Brasil já tem volume expressivo, mas participação proporcional menor que Austrália, Reino Unido e EUA. Isso mostra que enquanto outros países possuem tradição histórica, aqui estamos assistindo a uma expansão acelerada que mistura entretenimento, tecnologia e cultura digital. Em outras palavras, pelo menos em comparação com esses locais, ainda estamos longe de ganhar o “título” de país das apostas.
O efeito regulatório que ainda está só começando
Diferente de mercados como Reino Unido e EUA, que regulam apostas há décadas, o Brasil está apenas entrando em uma fase de regulamentação e fiscalização mais rigorosa. E isso tende a mudar radicalmente o cenário nos próximos anos.
Casas licenciadas, políticas de prevenção, limites e rastreamento podem transformar um fenômeno espontâneo em um mercado formalizado, com impacto direto sobre arrecadação, publicidade e até esportes profissionais. Ainda estamos no “capítulo 1”.
Estamos virando o “país das apostas”?
A resposta depende do critério. Em números absolutos, já estamos entre os maiores mercados do mundo. Em proporção da população, ainda ficamos atrás de países com tradição de jogo. Mas quando o assunto é ritmo, engajamento digital e crescimento pós-regulamentação, poucos países estão avançando tão rápido quanto o Brasil. A sensação é que estamos vendo apenas o início de uma tendência que deve se intensificar, especialmente conforme apostas se tornam parte da cultura digital brasileira.

